top of page

Uma breve história da mulher

  • Juliana Doyle
  • 29 de nov. de 2015
  • 3 min de leitura

Uma breve história da mulher

Juliana Doyle

Peço licença poética ao brilhante Stephen Hawkings para dar título à crônica que fará um breve (e pretensioso) relato da nossa complexa história. Homens, vocês estão convidadíssimos a ler!

Na era jurássica, graças à nossa capacidade de ser multitarefa, fomos escaladas para sermos guardiãs das nossas crias. Limitando-nos aos arredores da nossa caverna, tínhamos como dever preservar a prole de possíveis ataques e aguardar que o corajoso macho retornasse de sua caçada. Afinal de contas, com sua capacidade de foco em uma única tarefa, somente ele poderia trazer o pão nosso de cada dia.

O tempo passou e continuamos a ser rainhas do lar, dessa vez com um pouco mais de conforto. Tendo como mantra o “crescei-vos e multiplicai-vos”, crescemos e multiplicamos, crescemos e multiplicamos, crescemos e multiplicamos....

Até que a vida não era tão ruim assim. O homem era o provedor e a mulher a cuidadora. Ninguém “roubava” o papel de ninguém e assim caminhava a humanidade. Até que surgiram as Simone de Beauvoir, Jane Austens, Chiquinhas Gonzagas, Virgínias Woolfs e uma lista enorme de mulheres que resolveram descer das tamancas, queimar os soutiens (um dia gostaria de ter uma séria conversa com elas.... Estava tão bom poder tomar um chá das cinco com as amigas....), inventaram a pílula, e nos disseram que teríamos que trabalhar (e ser mães, e cuidar da casa, e cuidar do marido, e fazer as compras, e sermos lindas, e estudar, e ter mestrado e doutorado, e viajar, e cozinhar, e lavar, e passar, e fazer para casa, e...)

O movimento feminista foi sim essencial. Claro que precisávamos reavaliar nossos papéis. Ok! Concordo. Mas foi maquiavélico. Os meios ainda hão de justificar os fins. Analisemos os meios: toda essa batalha feminista acabou por gerar mulheres à beira de um ataque de nervos que, do alto de seus saltos executivos e à mercê dos enlouquecedores ciclos hormonais (não dá para ignorar isso, gente!), tiveram que se agredir, terceirizar a educação dos filhos (por que se viram obrigadas a tê-los), sair de casa com o coração estraçalhado, deixando para trás um bebezinho de quatro meses que mama a cada três horas, em muitos casos aos cuidados de outra mulher que recebe para deixar sua própria cria em casa, na creche, seja lá onde for, para cuidar dos filhos de outra (assistiram “A que horas ela volta?”. Recomendo.)

Até que fomos botando nossas manguinhas de fora de novo em busca de nossa identidade. E dá-lhe nomenclaturas! Surgiram as PANKS (Professional Aunts with no Kids). Uma versão mais glamorosa do “ficou pra titia”. São mulheres solteiras, ricas e bem sucedidas. Depois as YUMMIES – inicialmente definiam os Young Urban Males Obsessed With Personal Grooming and Health. A definição antes aplicada aos homens ganhou sua versão feminina e foi traduzida pelo jornal El País como “jovens urbanas com poder aquisitivo”.

Agora é hora de darmos as boas vindas à mais recente incorporação ao nosso glossário de siglas, a geração No Mo (Not Mothers). O que essas mulheres vêm reivindicar é “o respeito de uma sociedade fundamentada na absurda crença de que uma mulher tem de dar à luz pelo menos uma vez na vida”. Assim argumenta a associação britânica Gateway Women, paladina da causa e responsável por sua popularização.

Os que me conhecem sabem que amo a maternidade com todas as minhas forças e me sentiria muito incompleta se fosse privada desta experiência. No entanto, depois que me tornei mãe passei a entender perfeitamente que ser mãe é opção, não obrigação. Se não estiver disposta à entrega que o papel exige, desencana e vai dormir, sair à noite, viajar e mergulhe fundo nos seus sonhos profissionais. Talvez assim, quem sabe, você não consegue aqueles 30% a mais de aumento que tanto almejamos?

Falando sobre profissionalismo, me veio à cabeça a maior (e melhor) representante da geração No Mo que tive não só o privilégio de conhecer, mas de tê-la como professora. Nada mais, nada menos que a Professora Dra. Carmem Lúcia, hoje Ministra do STF. Essa sim parece saber o que quer! Foi atrás de sua paixão (o Direito) e sempre o exerceu com muito amor, respeito, idealismo e, principalmente, simplicidade. O fato de nunca ter se casado ou ter tido filhos, curiosamente, tornava-a ainda mais admirável e encantadora.

Para a história ficar completa ainda falta uma sigla. Uma que caracterize e valorize mulheres que abraçaram a maternidade como profissão e optaram por dedicar suas vidas aos filhos e à família. Algumas os fazem por falta de opção e outras por opção e sorte de poder contar com alguém (de preferência um marido...) que acredite na força do papel maternal exercido em sua plenitude (e o financie!). Afinal de contas, quem presta atenção em si mesmo e faz escolhas autênticas, se torna alguém mais puro, mais real, mais pleno. É.... parece que os fins estão começando a justificar os meios...


 
 
 

Kommentare


Posts Destacados 
Posts Recentes 
Siga
  • Facebook Long Shadow
  • Twitter Long Shadow
  • YouTube Long Shadow
  • Instagram Long Shadow
Meus Blogs Favoritos
Procure por Tags

Keyhole

.Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook Clean Grey
  • Instagram Clean Grey
  • Twitter Clean Grey
  • YouTube Clean Grey
bottom of page