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O lúdico essencial

  • Juliana Doyle
  • 8 de nov. de 2015
  • 2 min de leitura

Crianças se acabando na piscina, rindo, gritando, histéricas de tanta alegria (ou alívio pelo calor senegalês que vem derretendo o planeta Terra) e a mãe lá, sentadinha, checando suas mensagens, sob o sol escaldante. Quem já viu ou viveu esta cena levante a mão! Confesso que já fiz isso, mas tenho tentado buscar a criança dentro de mim e me acabar na água com eles. No início dá uma preguicinha, mas sem dúvidas o esforço é recompensado.

O documentário “Tarja branca - A Revolução que faltava”, dirigido por Cacau Rhoden é daqueles filmes que nos dá um soco no estômago ao escancarar uma triste realidade: nossas crianças internas estão morrendo. As longas jornadas de trabalho, o tempo que nos escapa pelas mãos – uma amiga minha diria que se sente um polvo tentando pegar um sabonete – e a busca pelo.... ”Pelo quê mesmo?” responde ao chamado de nossos pequenos internos sempre com um “não”, ou “daqui a pouco”, “agora não dá”.

A trama da última versão cinematográfica do “Pequeno Príncipe” gira em torno da seguinte questão. “Ser adulto não é o problema, esquecer é que é". No mundo dos adultos todos os objetos lúdicos, considerados dispensáveis, são jogados em uma espécie de máquina trituradora e transformados em clipes (isso mesmo, clipes para prender papel). Os adultos têm suas memórias de infância apagadas e vivem em um mundo cinza, homogêneo, de casas idênticas, ruas idênticas, com pessoas vestidas burocraticamente idênticas, cuja única ocupação é acumular clipes. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência... E o Pequeno Príncipe cresce, e é engolido pelo sistema. Mas com a ajuda da única criança restante no mundo e do único senhor que conseguiu manter viva sua criança interna, relembra-se dos seus tempos no planeta B612 e rompe com o sistema opressor que o cerca. E volta a brincar!

Outro dia escutei professores dizendo que seus alunos adolescentes querem brincar nas aulas. Indignados contestaram que estavam ali para ensinar e fazê-los estudar. Indignada também, fiquei calada e pensei com meus botões... É claro que querem brincar! Querem construir seu conhecimento, botar a mão na massa, levantar da cadeira, transpirar alegria. Muito tem se falado da educação Finlandesa. Dentre os pilares desta que tem sido apontada como a melhor educação do mundo, está o aprendizado por meio de projetos, interdisciplinaridade, ludicidade, trabalho em equipe, construção do conhecimento e poucas, cada vez menos provas. Vamos combinar? Sentar numa carteira cinza, numa sala cinzenta, e achar que nossas crianças irão acreditar que B+A é igual a “Ba” não cola, né?

Posso fazer uma sugestão? Procure nos seus álbuns e caixas de fotos aquela foto de quando você era criança e ainda sonhava em ser trapezista de circo, jogador de futebol, cientista maluco, astronauta, piloto de avião ou contorcionista e coloque-a em um porta-retrato bem grande. Inspire-se nela para trabalhar, estudar, escrever e, principalmente, brincar com seus pequenos (internos e externos). Pode dar uma dorzinha nas costas, mas no final das contas vai te fazer um bem danado....


 
 
 

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