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To feel or not to feel

  • Juliana Doyle
  • 18 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

To feel or not to feel | Keyhole[if lt IE 8]> <link rel='stylesheet' id='highlander-comments-ie7-css' href='https://s2.wp.com/wp-content/mu-plugins/highlander-comments/style-ie7.css?m=1351637563g&#038;ver=20110606' type='text/css' media='all' /> <![endif] Jetpack Open Graph Tags StartFragment

É curioso. Quando nos propomos a escrever passamos a observar a vida de forma mais zen. Zen no seu verdadeiro significado, ou seja, conectado, inteiro, realmente presente aos fatos. Cada leitura, cada notícia é devorada e dissecada por nossa mente e traz consigo uma corrente de ideias que vão se interligando e quase que pedindo para se transformarem em um texto.

Ao ler a coluna do Contardo Calligaris na folha desta semana foi essa a sensação que tive. Ele discorre sobre a empatia. Faz um breve resumo histórico da relação da psicanálise com a mesma dizendo que, nos anos 90, na era Clinton, quando o muro de Berlim deixou de existir, o mundo passou a ser um lugar “sem inimigos”, todos possuíam a capacidade de colocar-se no lugar do outro, todos generosos e recompensados pelas riquezas de um mercado tranquilo. Naquele tempo não se tocar pelas emoções alheias era considerado um transtorno ou “no mínimo um defeito cognitivo”. “Sentir” era então a palavra da vez. Era?

Depois do 11 de setembro, segundo Calligaris, o cenário mudou. Descobriu-se que os inimigos ainda existiam e que a época da “pieguice sentimental” estava com seus dias contados. De acordo com o psicanalista, “curiosamente, os que sentem menos emoções estão sendo reabilitados”.

Pieguice sentimental? Pode ser, mas pieguice necessária. Se tiver que escolher entre ser piegas ou ter razão e sobreviver, prefiro sucumbir e continuar sentindo empatia. Egoisticamente falando, também prefiro que os outros a sintam por mim. Carências à parte, tem coisa pior do que ter seus sentimentos diminuídos! Tenho um grande amigo que diz que prefere não levar os problemas para casa e poupar sua mulher. Se fosse comigo me sentiria a pessoa mais inútil do mundo. Afinal, quem não gosta de ter o poder de dar colo, afagar, senti um pouco da dor alheia e amenizá-la! E claro, na expectativa – egoística novamente – de que você também terá esse colo quando for sua vez de sofrer um pouquinho. Afinal somos seres humanos e de solidão só vivem os solitários psicopatas.

Me lembrei do surto de ciúmes que minha primogênita teve quando do nascimento do meu caçula. De nada adiantavam as conversas, os mimos e paparicos dos avós, os presentes, os passeios em pleno dia de escola. No auge do meu desespero, ao vê-la sofrendo tanto peguei-a no colo e disse: “Filha, no seu lugar eu também estaria morrendo de ciúmes. Pode chorar e sentir a raiva que quiser. Vou chorar com você!” Milagrosamente ela se acalmou, se aninhou nos meus abraços e abriu o sorriso mais lindo do mundo. Empatia: capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado nela. Precisa explicar mais?

Na era das relações digitais as manifestações de empatia talvez tenham se tornado até mais constantes, efusivas, cheias de emoticons. Mas tem que ser assim na vida real também né gente? Sabe aquele amigo que é o mais entusiasmado, amoroso nas redes sociais e na hora do téte a téte mal mal sai um abraço, rola aquela falta de graça, falta de assunto. Ok. Fazer declarações por escrito é bem mais fácil, afinal quem não tem um quê de timidez que atire a primeira pedra. Mas tem que acontecer ao vivo também! Senão, não vale. Pode ser um “tô te achando meio triste, quer conversar?”, um telefonema no dia do aniversário. Telefonema mesmo, ouvir a voz, bater um papo, ficar com a orelha quente. Há quanto tempo você não faz isso? Mesmo nas relações de trabalho, demonstrar interesse pela vida do seu colega, do seu chefe faz um bem danado para o clima organizacional. E o mais bonitinho de todos e que quase sempre vem das pessoas de origem mais humilde que, na horinha sagrada de seu almoço, ao nos encontrarem perguntam “Vamos almoçar? Um dia vou tomar coragem e dizer. “Vamos!”

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