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Felicidade Y?

  • Juliana Doyle
  • 18 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

Mudar, empreender, inovar, buscar a satisfação máxima no trabalho, pensar fora da caixa, chutar o pau da barraca, e, claro, compartilhar cada passo via redes sociais, senão não vale. São essas as palavras da vez. Tudo bem que em tempos de crise, para muitos, a saída acaba sendo essa mesmo. E o resultado pode até ser bom, realizador. Contudo, fica parecendo que trabalhar nos moldes antigos, oferecer seu talento ao mundo, dar tempo ao tempo para se aprofundar no que já faz há anos, ter lealdade, compromisso e amar o que faz (e não somente fazer o que ama) ou simplesmente se conformar, no melhor sentido da palavra, perdeu o valor e gera infelicidade. Será mesmo?

Observadora atenta do mundo e das angústias de cada um, tenho notado que talvez o esforço por uma mudança e pela adaptação aos moldes contemporâneos de vida pode sim trazer realização, mas se o esforço por mudança tem como mola propulsora a desvalorização pelo que já se tem, então não vale. Seguir suas paixões é válido, louvável, mas cuidado! Elas mudam ao longo do tempo, e afinal, você pode amar algo, mas simplesmente não ter talento para tanto. Sabe aquela sensação de assistir ao show da Marisa Monte e querer nascer de novo na pele da diva, ou então, assistir a um espetáculo do Grupo Corpo e se perguntar. Porque não estou ali naquele palco? Ora! Porque não é esse seu talento!

Não sei se concordarão comigo, mas como membro da dita geração x (quase y), às vezes me pergunto se não era mais fácil dar-se por satisfeito para nossos pais babyboomers. Claro que o cenário econômico facilitou bastante a vida deles e que, de fato, temos que rebolar e “matar um leão por dia”. Mas, talvez, se tivéssemos um pouquinho da resiliência desses que foram educados com tanta rigidez e disciplina....

Você conhece alguém que seguiu os mandamentos da geração y? Conhecer o mundo, pular de emprego em emprego e alcançar posições profissionais de prestígio e status e, melhor, ganhando em euros, quiçá em libras? Ok! Louvável, admirável, vidas fascinantes, que inveja!! Diante desses me sinto uma caipira que optou por priorizar a família, ter um trabalho satisfatório, condizente com meu talento e vocação, de remuneração digamos mediana, mas que me permite não só ver meus filhos crescerem, mas acima de tudo, tê-los. Sim, tê-los! Digo isso porquê ter filhos para essa turma faz parte sim dos planos, mas as condições são tantas! Primeiro milhão (de euros) ganho, ter dado a volta ao mundo (no mínimo três vezes), ter adquirido todos os móveis, o melhor apartamento, eletrodomésticos e o enxoval completo do bebê de zero a dez anos, não importando a data de seu nascimento. Outro dia fui visitar uma amiga que aproveitando uma viagenzinha a Miami comprou dez mamadeiras e um estoquezinho de 30 tubos de pomada. Não, não... Ela não estava grávida...

Não é fácil conciliar trabalho e vida pessoal. Não é mesmo!! Mas, por outro lado, acredito que investir na existência dos dois aspectos da vida de maneira equilibrada ajude-nos a nos sentir menos presos tanto a um quanto ao outro. Não preciso ser só mãe, mas também não preciso ser a profissional “ultramegapower”. Ah! E isso vale para os homens também, tá? Funciona mais ou menos assim. Hoje não foi legal no trabalho, mas daqui a pouco vou encher meus filhotes de beijos. Ou ao contrário. Minha casa está parecendo um hospício. Vou mergulhar na labuta e ser a melhor profissional do mundo. Mas só hoje. Amanhã pode ser diferente. Acho que fica mais leve assim, né?


 
 
 

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